sexta-feira, 29 de maio de 2009

Album da Semana (18MAio a 28 Maio) Interpol: Our Love to Admire (2007)

Continuo a série de sugestões semanais para audição sonora. Como tenho algum tempo de sobra, proponho-me que todas as semanas escolho um album musical, ouço-o até a exaustão durante a semana e depois escrevo aqui umas linhas sobre o dito cujo.

Esta semana, ouvi cuidadosamente e com satisfação o album Our Love to Admire dos Interpol, editado em 10 de Julho de 2007. Os Interpol são uma banda norte-Americana (EUA) oriunda de Nova-York que se formou em 1998. A banda é constituida por Paul Banks (vocais e guitarra), Daniel Kessler (guitarra), Carlos Dengler (guitarra baixo e keyboards) e Sam Fogarino (bateria e percussões). Os Interpol são uma das genuinas bandas com que se identifica o movimento independente (indie) da cena norte-americana.

Mas vamos ao Album. Este é o terceiro album da banda e é tambem o 1º para a major label multinacional Capital Records depois de terem lançado com tremendo sucesso no meio independente os seus anteriores albuns. Neste album mais do que nunca a influencia pos-punk que deu origem à banda está demais evidente. A sonoridade "à lá" Joy division é presença constante nos temas dos interpol e neste albun, essa influencia não passa despercebida. Talvez por esse mesmo motivo, e voces bem sabem a minha admiração pela obra de Joy division, esta banda está tambem na lista das minhas preferencias. E este album faz bem justiça a esse facto. Mas analiticamente a minha opinião quanto a esse rotulo, que digamos em boa verdade não é da minha autoria, tem muito que se diga. No meu entender o mais perto que os Interpol vão da sonoridade dos Joy Division é no que diz respeito eventualmente à composição e à letra dos seus temas. De resto, imaginem uma evolução dos JD mas sem a tendencia electronica e a depressão...e ai talvez tenhamos alguma afinidade, de resto independentemente disso os Interpol fazem boa música e pronto!

Alihamento:

lado A
1-"Pioneer to the Falls" – 5:41
2-"No I in Threesome" – 3:50
3-"The Scale" – 3:23
4-"The Heinrich Maneuver" – 3:28
5-"Mammoth" – 4:12
6-"Pace Is the Trick" – 4:36
7-"All Fired Up" – 3:35
8-"Rest My Chemistry" – 5:00
9-"Who Do You Think" – 3:12
10-"Wrecking Ball" – 4:33
11-"The Lighthouse" – 5:25

Minha faixa preferida:
"Who Do You Think"

Nota (escala de 1 a 10):
9

Breve Comentario:
Impossivel não gostar deste album, principalmente para os apreciadores dos Interpol. Os Interpol estão com toda a pujança e criatividade neste album em temas como "The Heinrich Maneuver" ou "Rest My Chemistry", experimentem e digam de vossa justiça.

Curiosidades:
Algures em Março de 2007, um album de nome Mammoth, atribuido aos Interpol, surgiu nas redes P2P para download. Contudo, esse album era na verdade uma copia renomeada de "Exit Decades", gravado pela banda sueca, Cut City. Devido a fortes similiaridades de som entre estas bandas, este "fake leak" tornou-se de tal forma convicente que chegou a convencer muitos dos fans.

link para site oficial dos Interpol.


Clip amador de "Who Do You Think".

sábado, 23 de maio de 2009

Personagens com que me cruzei na minha profissão(1): O Shrek

Inicio hoje uma serie de posts com o titulo “Personagens com que me cruzei...” em que irei descrever figuras, ou perfis, ou tipos de profissionais com os quais me cruzei e em que de alguma forma identifiquei tiques, manias, estilos ou historias divertidas.

Como o verdadeiro Shrek este tambem é alto e careca, mas não é verde! Por isso torna-se mais dificil de identificar...

O Shrek é um personagem com poder e usa-o da pior forma. O Shrek parece um personagem simpático e bom conversador, mas apenas conversa com quem quer e o que quer, e sempre em seu propósito pessoal.

O Shrek, quando a conversa de uma reunião seguia um rumo que não lhe interessava, passava insestantemente a mão grande e grossa pela cabeça, desde a careca até ao queixo...eu acho que ele pensava que com este gesto assustava-nos a nós os pobres coitados, mas na realidade só fazia figura ridicula e nós faziamos um esforço para não rir logo ali...as barrigadas de riso vinham quando saiamos da sala.

O Shrek usava o “poder “para as mais diversas actividades desportivas:
-para ir fazer vela enquanto decorria uma sessão orçamental
-para ir jogar golf enquanto o final do mês se avizinhava dificil
-para obter favores pessoais
-para obter amizades “coloridas”
(oups!, as duas últimas não são actividades desportivas...ok, mas ele praticava-as na mesma.)

O Shrek porporcionou-me um dos episódios mais curiosos do meio profissional, conseguiu chatear e massacrar continuamente o Xitôco com a celebre frase: “I’m I dreaming??” (Xitôco - um personagem que irá ser alvo do próximo post)

O que aprendi com o Shrek?:
O que não devo fazer quando tiver o “poder”.
O Shrek cheira mal e não é de confiar. Mas vai haver sempre um Shrek no teu percurso, por isso esquece-os, o problema é o cheiro, não sei ainda como evitá-lo!

Disclaimer: qualquer semelhança entre estes personagens “ficticios” e a realidade é pura coincidencia (intencional ou não).

terça-feira, 19 de maio de 2009

Album da Semana (9Maio a 18Maio) - Miles Davis: Ballads & Blues - edição The Blue Note

Continuo a série de sugestões semanais para audição sonora. Como tenho algum tempo de sobra, proponho-me que todas as semanas escolho um album musical, ouço-o até a exaustão durante a semana e depois escrevo aqui umas linhas sobre o dito cujo.

Esta semana, tive o prazer de a convinte de um grande amigo escutar uma verdadeira perola do JAZZ. Não só pelo que o nome de Miles Davis significa, mas tambem pelo facto de este verdadeiro amigo - um melomano de gostos diversos e meio duvidosos, alguns mais crediveis que outros (Não hà meio de eu o convencer a apreciar o que de melhor se faz no circuito do rock independente, e ele teima em consumir desmusuradamente tecno, house e outros quejandos electrónicos que me deixam a cabeça a parecer um melão depois de rebolar pela escada do quebra-costas) - este meu amigo, dizia eu, possuir um original do Miles Davis de 1959 em vinil: Kind of Blue. No dia seguinte pesquisei com cuidado a minha coleção de CD's da The Blue Note e lá encontrei alguns bons albuns de Miles Davis.

Ora depois de uma noitada a ouvir repetidamente o vinil em causa acompanhado de wiskey e cigarrilhas, optei por passar o resto da semana a escutar a colectanea Ballads & Blues.

Miles Davis nasce em 1926 em Ilinois e morre em 28 Setembro de 1991, deixando um legado musical único e incontronável para qualquer melómano. Miles Davies é um dos mais influentes musicos do seculo XX, trompetista mediano tecnicamente falando, foi no entanto um inovador e um autentico virtuoso na habilidade incomum de compor temas musicais que ficaram na historia da musica.


Mas vamos ao Album. Os registos apresentados nesta colectanea, foram retirados de umas das suas mais populares e famosas sessões decorridas nos estudios da Blue Note entre 1952 e 1954. Estes temas são talvez os temas mais "bebop" do conjunto de temas das sessões todas. Todos estes temas soam a progressivo e inovador...eu diria mesmo soa a intemporal, tal a qualidade na gravação e na interpretação. Estes temas resultam de várias sessões que contaram com Art Blankey, Cannonball Adderley, Horace Silver, J.J. Johnson, entre muitos outros virtuosos que acompanharam Miles Davis naqueles tempos.


Alihamento:

lado A
1- "I waited for you"
2- "Yesterdays"
3- "One for Daddy"
4- "Moon Dreams"
5- "How deep is the ocean"

lado B
6- "Wierdo"
7- "Enigma"
8- "It never entered my mind"
9- "Autumn leaves"

Minha faixa preferida:
"How deep is the ocean"

Nota (escala de 1 a 10):
8

Breve Comentario:
Este e qualquer album de Miles Davis é intemporal. Pode ser um album ou um tema de 1957 ou de 1990 que soa sempre a actual. Esta colectanea reune uma serie de temas de Miles Davies dos anos 50 que tornaram-se classicos e intemporais. Excelente para audição a meio som e meia luz.

Curiosidades:
Miles Davies apesar de origem negra provinha de uma familia abastada. O seu pai era dentista e a sua mãe uma eximia pianista. Os estudos musicais de Miles começaram aos treze anos, quando o seu pai lhe deu um trompete novo e contratou um trompetista local para lhe dar algumas aulas. Ao que parece, a escolha do seu pai pelo trompete, foi feita propositadamente para irritar a sua esposa, que não gostava do som do instrumento.

link para site oficial de Miles Davis.


Clip de Miles Davis "Round Midnight":

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O que quero ser quando for grande...

Um destes dias numa entrevista para emprego, em que tive o prazer de participar, o meu interlecutor questionou-me sobre "o que é que gostaria de fazer?". Mais tarde tambem me questionou sobre, "que funcao o fazia feliz?". Naquele momento, em sequencia da conversa, respondi a ambas as questões com a maior naturalidade. Qualquer coisa como: "...executar tarefas de responsabilidade em que coloque em prática os conhecimentos adquiridos, e que tenha oportunidade de criar e fazer entrega, preferencialmente balanceando com a minha vida familiar...".

Uma noite destas quando revia em memoria aquelas questões, num exercicio que frequentemente faço, i.e. tentar derivar outras questões a partir destas para me preparar para futuros cenarios, surgiu-me a resposta que gostaria de ter dado.

O que sou ou o que faço hoje, aconteceu mais por acaso do que de uma forma premeditada. Tenho muito orgulho do percurso que já percorri, gosto imenso do que faço/fiz porque sem ser premeditado, foi sempre resultado de opcoes, logo de entrega pessoal. Mas o mais importante, é que sou isto porque tambem não sou o que queria ser quando era criança... pois aqui está a verdadeira questão.

Vamos ao que realmente interessa, ”o que queria eu ser quando era crianca?”

Quando nasci não levei muito tempo a descobrir o que queria ser: Cantor de Opera. Na verdade, abria as goelas e gritava a bons pulmoes que nem um soprano...

Aos 2 anos, sem motivo para dúvidas descobri que queria ser o Bob o Demolidor. Não havia carrinho de brincar, ou construção de Lego do meu irmão mais velho que resistisse às minhas investidas. Mas uns quantos anos de “tapas” bem arreadas pelo irmão mais velho, resolveram essa minha tendencia.

Entre os 6 e os 9 anos, tive a brilhante ideia de querer vir a ser "Nada". Quando alguem da familia, em algum daqueles ajuntamentos familiares tipicos, me perguntava o que eu queria ser, depressa eu respondia, "NADA!"

Mais tarde aos 10 anos, já perto dos 11, queria muito ser Astronauta. Acho que todos os miúdos desta idade naquela época(anos 70) sonhavam com as transmissões das missões Apolo...bem pelo menos eu sonhava. Esta vontade de ser astronauta perdurou até muito tarde, altura em que já aos 13 percebi que não tinha “figados” para os testes de gravidade levados a cabo pela NASA, da pior forma: na feira decidi pedir aos meus pais para me oferecerem uma volta no Carrossel da Selva (lembram-se?). Montado numa girafa lá iniciei a volta de carrocel, porem quando a máquina adquiriu a velocidade máxima estonteante (talvez equivalente a uns 3G’s na liguistica aeronaútica), só me lembro de gritar que nem um louco e ao acabar a volta tinha vomitado o almoço de frango assado e sopa de feijão sobre uma girafa, um leão, 2 cavalos alados, e dois passageiros de uma “tina” giratória!

Ser miúdo de 14 anos no arranque dos anos 80, era o mesmo que dizer que, ou se queria ser jogador de futebol, ou então dado o facto se estar a atravessar uma das mais criativas décadas da música pop/rock, deveria ser Músico. Já que não tinha muito jeito para o futebol, inevitávelmente apaixonei-me pelo fascinio de vir a ser um proeminente músico. E vocalista imaginem! Juntava os miúdos mais novos do meu prédio e formava um grupo rock com guitarras feitas de vassoura, baterias feitas de baldes e o piano/orgão era a máquina de tricotar da vizinha de cima. Escusado será dizer que dadas as minhas caracteristicas vocais, era frequentemente corrido da escada do prédio(local de ensaio) pelas vizinhas (minha mãe incluido).


Aos 16 anos depois de várias incursões pouco sérias no Teatro, e no desporto (basquetebol e raguebi) resolvi que queria ser Radialista e juntei-me ao fenomeno das Radios-Piratas..., de “pirata” só tinha mesmo a rebeldia, pois para falar ao microfone nao tinha lá grande queda...

Mais tarde foi o que se viu, tentativa frustada de ser Arquitecto deu em licenciar-me em Matemáticas, que é como quem diz: “vamos lá ver no que isto dá!”

terça-feira, 5 de maio de 2009

"survey" à crise! (parte2)

Recordam-se de eu ter colocado um questionario sobre a data prevista para o final desta crise, na rede social Linkedin.com?

Pois passado um mês, e com mais de 80 respostas, este foi o resultado do inquérito:


Conclusões: a moral da sociedade está em crise!

domingo, 3 de maio de 2009

Album da Semana (19Abril a 26Abril) - Joy Division : Closer

Continuo a série de sugestões semanais para audição sonora. Como tenho algum tempo de sobra, proponho-me que todas as semanas escolho um album musical, ouço-o até a exaustão durante a semana e depois escrevo aqui umas linhas sobre o dito cujo.

Esta semana, decidi fazer uma homenagem a Ian Curtis, não só pela data do aniversário da sua morte, que ocorreu a 18 de Maio. - os mais entendidos, saberão porquê - Decidi pois ouvir compulsivamente e de forma atenta como não tivera antes efectuado, apesar da minha paixão pela obra dos Joy Division.

Esta semana escutei o album Closer dos Joy Division. Os Joy Division eram uma banda pós-punk formada no ano de 1976, em Manchester, Inglaterra que acabou em 18 de Maio de 1980 após o suicídio do seu vocalista Ian Curtis, já que a banda havia feito um acordo de que os Joy Division não continuariam se um dos membros deixasse a banda ou morresse. O som dos Joy Division sofreu influências de Velvet Underground, David Bowie e Iggy Pop, e era caracterizado por densas melodias, bastante marcadas pela bateria com uma sonoridade quase "militar", e letras a espelhar a depressão e a claustrofobia de Ian Curtis.


Mas vamos ao Album. Formular uma opinião pública sobre a obra dos JD é um acto só por si de enorme responsabilidade dada a imensidão de entendidos e experts na matéria e dada a imensidão de textos já escritos sobre uma obra tão curta mas tão marcante no panorama musical da musica moderna. Este album "Closer" é o segundo e último álbum da banda, sendo considerado um dos mais importantes álbuns do movimento pós-punk. As músicas foram gravadas sob uma abóbada de estuque especialmente construída, a fim da captar a ressonância de uma capela. Uma vez mais as letras das musicas escritas por Ian Curtis espelham a sua forte depressão. Os temas mais elogiados na altura do lançamento deste album, foram Isolation, Passover, Heart And Soul e Twenty Four Hours, mas eu arrisco a dizer que todas as muscas aqui incluidas são autenticas obras-primas.

Alihamento:
Até nos alinhamentos dos seus discos os JD tinham rasgos de genialidade autentica, não há indicação dos lados, seja no selo, seja no encarte. Assim, como o álbum anterior, Unknown Pleasures, a relação das músicas encontra-se apenas no encarte. Na reedição em CD, considerou-se o lado A sendo o que começa com Atrocity Exhibition, e o lado B começa com Heart And Soul. Convencionou-se então que o alinhamento pretendido pelo grupo seria este:
lado A
1- "Atrocity Exhibition" – 6:06
2- "Isolation" – 2:53
3- "Passover" – 4:46
4- "Colony" – 3:55
5- "A Means to an End" – 4:07
lado B
6- "Heart and Soul" – 5:51
7- "Twenty Four Hours" – 4:26
8- "The Eternal" – 6:07
9- "Decades" – 6:10

Minha faixa preferida:
"Heart and Soul"

Nota (escala de 1 a 10):
10

Breve Comentario:
Este album Closer apesar de ter sido gravado no inicio de 1980, por problemas na tiragem o álbum só foi lançado em junho de 1980, depois do suicídio do vocalista Ian Curtis, tornando-se assim um álbum póstumo. Os Joy division foram à sua época e ainda aos dias de hoje encarados como uma banda de culto. Justiça seja feita que merecem essa dedicação dada a genialidade da sua obra. Ian Curtis cometeu suicídio em 18 de maio de 1980, um dia antes da viagem do Joy Division para os Estados Unidos, onde fariam sua primeira tourné internacional, colocando assim fim aos Joy Division e á sua curta mas genial existencia como banda. Ian Curtis foi cremado e suas cinzas foram enterradas em Macclesfield, com uma lápide com a inscrição "Love Will Tear Us Apart" ("O Amor Vai Nos Destruir"). O epitáfio, escolhido por sua esposa Deborah, é uma referência à canção mais conhecida dos Joy Division.

Curiosidades:
Durante as apresentações dos Joy Division, Ian Curtis desenvolveu um estilo único de dança, reminiscente das convulsões epiléticas que sofria algumas vezes no palco. Ele chegou a desmaiar durante as actuações e teve de ser assistido em pleno palco.

link para site "A tribute to Ian Curtis".


Clip original de "Love Will Tear Us Apart" dos Joy Division: